A pandemia de Covid-19 e as medidas adotadas para conter o avanço do vírus fizeram com que muitas pessoas passassem mais tempo nas residências, o que alavancou a demanda por imóveis mais confortáveis. Além disso, com os juros mais baixos, os investimentos no mercado imobiliário, considerado um ativo seguro, também se tornaram uma opção interessante para os investidores.
De acordo com os dados do Painel do Mercado Imobiliário (PMI), produzido pela Kenlo, em 2020, a demanda alta fez com que o mercado de imóveis usados registrasse crescimento de 104,66% em Minas Gerais, quando comparado com 2019.
Segundo a pesquisa, entre o segundo trimestre (mês em que se iniciou a quarentena no Brasil) e o último de 2020 o crescimento foi ainda maior, quando foram fechados 2.143 contratos de aluguel ou venda de imóveis usados no Estado, 109,7% acima do mesmo período de 2019.
Nos dois últimos trimestres do ano, a aceleração foi ainda maior com aumentos de 149,85% e 113,19% no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. O interesse dos compradores e locatários também pode ser medido pelo aumento no número de visitas a imóveis disponíveis. Após queda no segundo trimestre, as visitas tiveram alta de 9,56% nos dois últimos trimestres de 2020. Muitos consumidores concretizaram negócios iniciados antes da pandemia.
“Notamos que as aquisições represadas no primeiro trimestre de 2020 foram concretizadas nos meses seguintes. Muitas famílias deram continuidade aos negócios que já estavam em andamento mesmo antes da pandemia e outras foram motivadas a comprar ou trocar de imóvel justamente por conta da nova situação”, explica Denise Ghiu.
Para 2021, as expectativas são positivas e o mercado de imóveis deve se manter aquecido. “O significativo aumento nos negócios registrados pelo PMI aponta para a continuidade de crescimento neste ano. A transformação digital das imobiliárias, transformando-as em plataformas digitais completas de serviços imobiliários e oferta de novos serviços, deve manter o mercado secundário de imóveis muito aquecido em 2021”, disse.
Recuperação – A presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Cássia Ximenes, explica que no segundo semestre de 2020, houve uma forte recuperação do mercado imobiliário, que foi afetado logo nos primeiros meses da pandemia.
“Estamos percebendo um grande aquecimento no mercado imobiliário com um todo. No primeiro trimestre de 2020 sofremos impactos negativos da crise provocada pela pandemia e pelo isolamento social. O cenário nebuloso e a insegurança em realizar novos negócios nos afetaram. Já no segundo semestre, vimos um movimento diferenciado e muito positivo no número de negociações acontecendo. Isso veio em função do isolamento social, com as pessoas ficando em casa, elas tiveram que ressignificar a moradia.
Ainda segundo Cássia, o home office também permitiu que as pessoas buscassem imóveis mais confortáveis a uma distância maior das empresas, o que também estimulou a aquisição e locação de imóveis até mesmo no interior do Estado.
“As pessoas passaram a procurar qualidade de moradia, o que foi possível com a libertação do trabalho presencial. Vimos pessoas procurando mais espaço, privacidade, mesmo que isso fosse longe do local de trabalho. Houve uma grande procura por casas, coberturas, áreas privativas e sítios”.
A maior procura por imóveis, tanto para venda como locação, também aconteceu pelo avanço tecnológico que ocorreu nas empresas do setor. Que passaram a operar e a atender o consumidor por meios eletrônicos, reduzindo burocracias.
Para 2021, a tendência é que o mercado continue aquecido. “Além das pessoas estarem preocupadas em morar melhor e viver melhor, a atual taxa de juros tornou os investimentos no mercado imobiliário ainda mais atrativos. Além de ser um ativo seguro, a aquisição de um imóvel garante o investimento e gera ganhos reais, já que pode ser alocado. Tudo isso, contribuirá para que o mercado continue aquecido em 2021”, disse Cássia Ximenes.
Por Michelle Valverde