Em tempos de restrições e isolamento social, o setor da construção civil vem andando na contramão de muitos setores atingidos pelas consequências da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Dados divulgados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) mostram que, apesar da crise pela qual passa o país, houve um aumento expressivo das vendas de apartamentos novos em Belo Horizonte e Nova Lima no primeiro trimestre.
A tendência, de acordo com Renato Michel, vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG, é que os números mostrem uma queda a partir de abril, mas que não deve ser tão expressiva, na avaliação do sindicato. Mesmo diante do momento de instabilidade causado pela pandemia.
“Acreditamos que no mês de abril vai ter queda, mas não tão expressiva. Número de lançamentos vai ser impactado, mas o de vendas nem tanto”, comentou.
As vendas de apartamentos novos em Belo Horizonte e Nova Lima cresceram 12,8%, passando de 243 unidades em fevereiro para 274 em março. O número de lançamentos também aumentou. No mesmo mês, foram lançadas 468 unidades residenciais, o que representou elevação de 290% em relação ao volume do mês anterior (120 unidades).
Desde outubro de 2019, os lançamentos não eram superiores às vendas, de acordo com dados divulgados pelo Sinduscon-MG. A Região Centro-Sul da capital contabilizou 29 apartamentos vendidos, enquanto Nova Lima, 27. Os lançamentos concentraram-se no padrão econômico.
A explicação se deve ao fato de que, em isolamento social, as pessoas têm mais tempo para se dedicar à busca do imóvel. E as empresas, informou o vice-presidente do sindicato, estão mais preparadas para vendas online: as empresas se adaptaram.
Taxa de conversão
Uma constatação que feita pelo setor – ainda não mensurada – é que houve aumento na taxa de conversão. Ou seja, o número de pessoas que procuraram por imóveis e concretizaram a compra.
“Antes da pandemia, de cada 10 pessoas, uma comprava. Agora, a cada 10, quatro compram. O consumidor que busca imóvel é aquele que de fato quer comprar. Não está vagando sem saber o que quer, não fica tateando no mercado. Está mais objetivo”, comentou Renato Michel.
Valor não está mais baixo
A boa procura não está relacionada a uma possível queda no preço dos imóveis. De acordo com o vice-presidente do Sinduscon-MG, o valor dos apartamentos segue o mesmo.
“A queda da taxa de juros facilitou, apesar da pandemia. É o momento mais grave que nosso país já viveu, mas estamos com a menor taxa de juros da história. Como a maioria dos consumidores precisa de financiamento para comprar imóveis, a prestação está mais acessível. Momento é ideal é ideal pra quem quer comprar”, finalizou.